11 de janeiro de 2010

O indio no periodo colonial Brasileiro


Índios, Gentios, Negros da Terra: O termo índio como nos é conhecido hoje deriva de um “suposto” erro do navegador Cristóvão Colombo, que acreditando ter chegado as índias denominou os habitantes da terra de índios.

Apesar do mau uso do termo em que os habitantes foram denominados, convencionou-se a chamar de índio toda e qualquer pessoa que aqui vivia antes da chegada dos europeus, mesmo que a população aqui encontrada seja diferente da população encontrada pelos espanhóis na América central. Além dessas imensas diferenças externas, existia também uma grande diferença interna, dentro do imenso território da América Portuguesa. Outros termos também foram designados para se falar dos índios, como por exemplo: Gentios, usado para designar todos os que não eram cristãos e Negros da terra, como os portugueses já conheciam a exploração de negros africanos, denominou-se negros da terra para os índios explorados que aqui viviam.

Tal heterogeneidade pode ser constatada na vida antes da chegada dos portugueses aqui no Brasil. A vida era muito variada de tribo para tribo, região para região, apesar de haver muitas diferenças entre eles, existia também muitas coisas em comum. De modo geral os indígenas não eram apenas caçadores e coletores, os índios exerciam também trabalho no campo, a agricultura. Plantavam a mandioca, batata-doce, amendoim, feijão, abóbora, plantas que eram usadas na medicina própria, em rituais e etc. Além da pesca e caça de pequenos animais, pois os animais de grande porte como vacas e cavalos foram trazidos pelos europeus posteriormente.

Com a chegada dos europeus na nova terra e o choque dessas duas culturas, ficou claro que as diferenças eram enormes, os nativos brasileiros tinham costumes que para os portugueses eram ou desconhecidos ou no mínimo estranhas, como por exemplo, a prática indígena de ofertar mulheres aos hóspedes. Outro exemplo dessas diferenças era a poligamia, que não chegou a existir de forma geral na cultura ameríndia, mas que aparentemente chocou os pudicos portugueses com sua moral cristã, apenas aparentemente. A visão dos portugueses em relação aos índios logo na sua chegada foi um misto de estranheza e encantamento principalmente pelo fato de andarem nus e não terem vergonha disso, sua língua que era totalmente diferente davam, aos portugueses duas alternativas: ou aprendiam as língua e dialetos dos índios ou ensinavam o português a eles. Os Jesuítas acharam estranho o fato de que algumas tribos viviam em sossego enquanto outras tribos viviam em constantes guerras umas com as outras, as crises diplomáticas foram utilizadas muito bem a favor dos portugueses. Mas o pensamento de encantamento principalmente dos jesuítas mudou quando conheceram seus rituais sagrados, curandeirismo e principalmente o canibalismo, tanto o endocanibalismo, onde eles comiam algum parente morto por motivos principalmente religiosos e o exocanibalismo, onde comiam inimigos capturados nas guerras, para adquirir sua força e coragem.

As relações incestuosas deixam claro tais diferenças de pensamentos culturais, para os índios o parentesco verdadeiro vinha da parte dos pais. Sendo assim não viam problemas em ter relações sexuais com as filhas de suas irmãs ou com qualquer parente que não seja da linhagem de seu pai. O asseio do corpo praticado pelos ameríndios foi também uma das práticas que surpreendeu os europeus de forma geral, o asseio com vários banhos de rios foi recebido pelos europeus como algo estranho tendo em vista que os mesmos não tinham costumes de tomar banho sempre. Com a chegada dos europeus ao Brasil, aos poucos se desorganizara a vida social e econômica indígena.

Os índios foram usados pelos portugueses como meio de adaptação a terra, aos costumes, aos alimentos, em geral a vida na nova terra. Para isso tiveram que definir dois tipos de índios, os amigos e os inimigos. Aproveitando-se dessa divisão e utilizando os primeiros contra os últimos para fazerem guerras e obterem escravos.

Com os índios amigos trabalhando para os portugueses e ainda escravizando os inimigos podemos dizer que tanto os índios amigos como os inimigos estavam inconscientemente ficando a mercê dos portugueses.

A primeira forma de exploração que se viu aqui foi a troca também conhecida como escambo, os portugueses davam produtos seus em troca de algum tipo de trabalho, alimentos e até mesmo escravos que eram capturados pelos indígenas para os portugueses. Aos poucos os índios estavam deixando toda sua cultura e passando a viver a vida que os portugueses estavam querendo que eles vivessem. Os índios foram explorados de três maneiras: O trabalho, obrigatório ou não, sendo pago aos índios uma remuneração quase sempre irrisória, a outra forma era a escravidão propriamente dita e a terceira o regime de administração, que seria um tipo de escravidão na qual os índios seriam forros ou livres formalmente, pois na prática continuariam sendo escravos. Além de tudo havia os jesuítas com seu trabalho de evangelização dos índios ao catolicismo o que fez ainda mais os índios se desvincularem de sua cultura original, com a introdução, por exemplo, do uso da roupa, que foi largamente contestado pelas índias, pois assim, segundo elas, ficaria mais difícil para tomarem banhos regularmente como era de costume. Sem contar que tais roupas trouxeram várias doenças para os índios, como doenças respiratórias e de pele. Os mesmos jesuítas travaram uma longa disputa em função da escravização dos índios, a Coroa estava querendo ganhar lucros com a terra para isso teria que explorá-los enquanto os jesuítas entendiam que os índios não poderiam ser explorados e sim cristianizados, podendo assim explorar e guerrear contra aqueles que não aceitassem o catolicismo, a chamada guerra justa. A forma de pensamento dos portugueses em relação aos índios era bem simples: para os índios que implantasse resistência à ocupação do território ou que não aceitassem a conversão ao cristianismo, à resposta seria a violência, com aprisionamento e morte de tribos inteiras, o aprisionamento dos chefes dos índios entre outras coisas.

Com tudo isso e ainda muitas doenças trazidas pelos europeus e que com o contato com o indígena dizimou milhares e milhares de índios, a degradação não só da cultura, mas do próprio índio ficou evidente. A brusca passagem do nomadismo para o sedentarismo, o trabalho diário e contínuo, além de guerras mais freqüentes que o normal contra os portugueses e no caso dos índios amigos contra outras tribos, guerras financiadas pelos portugueses, mudou completamente o metabolismo, o ritmo de vida e o esforço físico indígena, causando desta maneira a dizimação de milhares de índios.

Não houve para o indígena, em relação à preservação de sua cultura, quase nenhuma vantagem desse encontro com os portugueses, tal contato foi em grande parte dissolvente apesar de muito da cultura indígena está viva hoje principalmente nos interiores, com seus alimentos como o milho, mandioca, abóbora, a muqueca, o caju, e outros costumes como o pé descalço, o tabaco, o banho de rio e etc. Apesar desse contato com os indígenas é certo que existia no período colonial inteiro tribos indígenas que viviam no sertão brasileiro e que não entraram em contato com a cultura portuguesa, sendo assim tal cultura continuou viva por muito mais tempo do que as tribos litorâneas.

Bibliografia Auxiliar

1. http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/indios-brasileiros/indios-no-periodo-colonial.php

2. A formação da elite colonial: Brasil, c.1530-c. 1630/ Rodrigo Ricupero - São Paulo: Alameda, 2009.

3.Casa-Grande e Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal/ Gilberto Freyre- 51ª ed. revista - São Paulo: Global 2006.

4. Dicionário de conceitos históricos/ Kalina V Silva e Marciel Henrique Silva- 1º ed. - São Paulo: contexto

Bibliografia Complementar

1. História do Brasil/ Boris Fausto – 13º ed. – São Paulo: EDUSP.

2. Segredos internos: Engenhos e escravos na sociedade colonial, 1550-1835/ Stuart B. Schwartz; Tradução Laura Teixeira Motta. – São Paulo: Companhia das letras, 1988.

3. História dos índios no Brasil/ Manuela Carneiro da Cunha – 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras.